A campanha do Maio Verde visa ampliar o conhecimento sobre a doença celíaca, promover o diagnóstico precoce e reforçar a importância do cuidado com a alimentação.
A doença celíaca é uma condição autoimune em que o sistema imunológico reage à presença do glúten — uma proteína encontrada no trigo, centeio e cevada — causando inflamação no intestino delgado.
Essa reação danifica as vilosidades intestinais, que são responsáveis pela absorção dos nutrientes dos alimentos que ingerimos.

Com o tempo, esse dano pode levar a deficiências nutricionais, perda de peso, desnutrição, infertilidade e até complicações mais graves, como o câncer intestinal.
Estima-se que cerca de 1% da população mundial sofra com a doença celíaca, embora muitas pessoas ainda não tenham diagnóstico.
Tipos de Doença Celíaca
A doença celíaca pode se manifestar de formas diferentes:
- Clássica: mais comum na infância, especialmente a partir da introdução do glúten na alimentação. Os sintomas incluem diarreia, vômitos, dor abdominal e perda de peso.
- Não clássica: apresenta sintomas mais inespecíficos, como anemia, fadiga, dores articulares ou dermatite. Por isso, o diagnóstico costuma ser mais difícil.
- Assintomática: o paciente não sente sintomas aparentes, mas o intestino já apresenta lesões importantes.
Principais sintomas
Os sintomas podem variar nas crianças e adultos, e nem sempre são gastrointestinais.
Entre os mais comuns estão:
- Diarreia crônica ou prisão de ventre
- Dor abdominal, cólicas e inchaço
- Vômitos e flatulência
- Falta de apetite
- Perda de peso e desnutrição
- Anemia por deficiência de ferro, ácido fólico ou vitamina B12
- Osteoporose e osteopenia (ossos frágeis)
- Fadiga, dores articulares e até convulsões
- Sangramentos por deficiência de vitamina K

Diagnóstico: como é feito?
O diagnóstico envolve uma análise completa, que começa na consulta médica com a anamnese detalhada, onde o médico identifica sintomas e o histórico familiar.
Podem ser solicitados exames complementares, como:
- Exames de sangue, que detectam anticorpos específicos contra o glúten
- Endoscopia com biópsia do intestino delgado, para avaliar os danos à mucosa
- Testes genéticos, especialmente em casos familiares ou quando há dúvida no diagnóstico
Tratamento e cuidados no dia a dia
O tratamento da doença celíaca é único e definitivo: retirar completamente o glúten da alimentação. Mesmo pequenas quantidades de glúten (como traços em utensílios ou contaminação cruzada) podem causar danos ao intestino.
Por isso, o acompanhamento nutricional, a leitura cuidadosa de rótulos são fundamentais e a atenção quanto aos locais que irá comer para evitar a contaminação cruzada são importantes.
Além da dieta, em alguns casos é necessário suplementar vitaminas e minerais, especialmente nas fases iniciais após o diagnóstico.
Em situações mais graves, com perda nutricional acentuada, o paciente pode necessitar de internação hospitalar para hidratação e controle dos sintomas.
Intolerância ao glúten é a mesma coisa que doença celíaca?
Não!! Embora apresentem sintomas parecidos, são condições diferentes.
A intolerância ou sensibilidade ao glúten pode causar desconforto abdominal, inchaço e cansaço, mas não envolve o sistema imunológico nem causa danos ao intestino delgado.
Já na doença celíaca, o consumo de glúten provoca uma reação autoimune intensa, que lesa o intestino e pode levar a complicações graves se não tratada.
Conclusão
A Doença Celíaca é uma condição que exige atenção e acompanhamento médico contínuo.
A boa notícia é que com o diagnóstico certo e o cuidado adequado é possível viver bem, com saúde e sem complicações.
Se você apresenta sintomas digestivos persistentes, anemia ou histórico familiar de doença celíaca, procure avaliação médica.
📍 Em meu consultório, realizo o atendimento completo de pacientes com doenças digestivas, com foco na escuta atenta, diagnóstico preciso e plano de tratamento individualizado.
Dr. Luis Glover
Cirurgião Geral
CRM/SP: 140398 | RQE: 47368