Entenda o que são as hérnias abdominais, quais os riscos e como é feito o tratamento nesse conteúdo.
É muito comum que pacientes cheguem ao consultório relatando a presença de uma “bolinha” ou caroço na barriga.
Na maioria das vezes, isso pode indicar a presença de uma hérnia abdominal.
- As hérnias da parede abdominal são comuns na população e chegam a afetar entre 20% e 25% dos adultos, o que representa, em média, 28 milhões de brasileiros.
- As hérnias na virilha representam 75% do total de casos e 20% dos homens devem apresentá-la ao longo da vida, assim como 3% das mulheres.
- As hérnias já afastaram 28 mil trabalhadores dos seus postos em 2023, segundo o Ministério da Previdência Social, sendo a oitava maior causa de benefício por incapacidade temporária.
Mas afinal, o que é exatamente uma hérnia abdominal?
É preciso se preocupar?
Quando a cirurgia é indicada?
Vou te responder essas e outras dúvidas nesse texto. Continue a leitura!

– O que é uma hérnia abdominal?
A hérnia abdominal acontece quando um órgão ou parte dele “escapa” por uma área enfraquecida da musculatura abdominal, formando um abaulamento visível ou palpável.
Esse deslocamento pode ocorrer em diferentes regiões, mas é mais comum na linha média da barriga (hérnia epigástrica), no umbigo (hérnia umbilical) e nas áreas onde já houve cirurgia (hérnia incisional).
Esse abaulamento visível é chamado de saco herniário, e nem sempre causa dor.
Algumas hérnias podem permanecer assintomáticas por anos, mas outras podem gerar sintomas desconfortáveis e, em casos mais graves, exigir atenção imediata.
– Quais os sintomas e sinais de alerta?
A presença de um caroço ou inchaço na barriga, que pode aumentar ao tossir, rir ou fazer esforço, é um dos principais sinais. Mesmo quando indolor, é importante que seja avaliado por um médico.
Sintomas que indicam urgência médica incluem:
- Dor intensa na região da hérnia
- Vermelhidão ou calor local
- Náuseas e vômitos
- Dificuldade para evacuar ou eliminar gases
Esses sinais podem indicar um quadro de estrangulamento da hérnia, quando o órgão “preso” sofre interrupção do fluxo sanguíneo, o que requer cirurgia de emergência.

– Quais as causas mais comuns?
As hérnias abdominais surgem, em geral, devido a um enfraquecimento da parede abdominal, associado ao aumento da pressão dentro do abdome.
As causas e fatores de risco incluem:
- Levantamento frequente de peso (atividade física, trabalho, bolsas/mochilas pesadas)
- Gestações múltiplas
- Cirurgias prévias na região abdominal
- Tosse crônica
- Prisão de ventre com esforço para evacuar
- Sobrepeso ou obesidade
– Como é feito o tratamento?
O tratamento definitivo da hérnia abdominal é cirúrgico, e pode ser feita por videolaparoscopia, que é uma técnica minimamente invasiva.
A cirurgia consiste em:
- Recolocar o órgão ou tecido herniado no interior da cavidade abdominal
- Fechar o orifício com pontos ou com o uso de uma tela cirúrgica para reforçar a musculatura e evitar recidivas
A escolha da técnica vai depender do tipo e tamanho da hérnia, bem como das condições clínicas do paciente.
– Cuidados após a cirurgia
Para garantir uma boa recuperação, o paciente deve seguir as seguintes orientações:
- Evitar atividades físicas e esforço por pelo menos 30 dias
- Não levantar pesos acima de 5 kg pelo mesmo período
- Evitar dirigir nas primeiras semanas
- Manter boa alimentação e hidratação
- Retornar às consultas de acompanhamento conforme orientação médica
Conclusão
A presença de uma “bolinha” na barriga nunca deve ser ignorada!
Embora muitas hérnias não causem sintomas, elas não desaparecem sozinhas e podem evoluir com complicações.
Se você notou alguma alteração na região abdominal ou sente desconforto que piora com o esforço, agende sua consulta.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar riscos maiores e garantir sua qualidade de vida.
Dr. Luis Glover
Cirurgião Geral
CRM/SP: 140398 | RQE: 47368