Neste artigo, vamos entender como diferenciar a cólica comum daquela que merece atenção médica e pode sinalizar uma doença ginecológica.
Embora as cólicas menstruais sejam fisiológicas em muitos casos, há situações em que a dor pode ser sinal de alerta para problemas mais sérios, como endometriose, adenomiose, miomas uterinos, doenças inflamatórias pélvicas ou infecções ginecológicas.
A cólica menstrual é uma queixa comum entre mulheres em idade reprodutiva.
Para muitas, ela faz parte da rotina mensal e é vista como algo normal, que deve ser suportado.
Mas será que toda cólica é mesmo normal? A resposta é não.

O que é a cólica menstrual?
A cólica menstrual, também chamada de dismenorreia, é uma dor na parte inferior do abdômen que ocorre devido às contrações do útero para eliminar o endométrio – o tecido que reveste o útero – durante a menstruação.
Essa dor costuma surgir um pouco antes ou nos primeiros dias do ciclo menstrual e, na maioria dos casos, desaparece em até três dias.
Quando leve ou moderada, não interfere significativamente nas atividades diárias e pode ser controlada com analgésicos simples.
Quando a cólica deixa de ser normal?
Se a dor for intensa, persistente, ou vier acompanhada de sintomas como náuseas, vômitos, sudorese, desmaios ou dificuldade para realizar tarefas básicas, é hora de procurar ajuda médica.
Outro ponto importante é a necessidade constante de medicações fortes ou aplicação de medicamentos intravenosos para aliviar a dor, o que também indica que algo precisa ser investigado!
Tipos de dismenorreia
1- Dismenorreia primária
É mais comum na adolescência, geralmente sem ligação com doenças ginecológicas. Ela ocorre por uma produção exagerada de prostaglandinas, substâncias que aumentam as contrações uterinas e, consequentemente, a dor.
Embora possa causar desconforto, esse tipo de cólica costuma melhorar com o tempo, com o uso de contraceptivos hormonais ou mudanças no estilo de vida.

2- Dismenorreia secundária
É a cólica associada a alguma condição clínica, como endometriose, adenomiose, miomas, infecções ou malformações uterinas. Costuma surgir em mulheres adultas e se caracteriza por dores mais intensas e persistentes, muitas vezes fora do período menstrual também.
Além da dor, outros sintomas associados podem incluir:
- Fluxo menstrual intenso
- Dor durante a relação sexual
- Dor para urinar ou evacuar no período menstrual
- Fadiga, irritabilidade e alterações de humor que pioram no período menstrual
Principais causas de cólica menstrual anormal
- Endometriose: quando o tecido semelhante ao endométrio cresce fora do útero, em órgãos como ovários, bexiga ou intestino, causando dor intensa, infertilidade e outros sintomas.
- Adenomiose: o endométrio cresce dentro da parede muscular do útero, resultando em cólicas severas e aumento do fluxo menstrual.
- Miomas uterinos: tumores benignos que podem aumentar a intensidade das cólicas e o volume do sangramento.
- Doença Inflamatória Pélvica (DIP): infecção do útero, trompas e ovários, geralmente causada por infecções sexualmente transmissíveis não tratadas.
- Malformações uterinas ou vaginais obstrutivas: especialmente em adolescentes, podem causar acúmulo de sangue dentro do útero ou vagina, provocando dor intensa e contínua.
Quando procurar um ginecologista?
A recomendação é clara: se a dor atrapalha o seu dia a dia, não é normal!
Cólica que te impede de estudar, trabalhar, se exercitar ou viver sua rotina merece ser investigada.
O diagnóstico correto é feito por meio de uma combinação de anamnese detalhada, exame físico e exames de imagem, como ultrassonografia transvaginal ou ressonância magnética.
Tratamento
O tratamento depende da causa. Em casos mais simples, mudanças no estilo de vida, uso de anticoncepcionais e analgésicos podem ser suficientes.
Já nos casos relacionados à endometriose ou outras doenças estruturais, pode ser necessário um acompanhamento ginecológico especializado e, eventualmente, uma cirurgia minimamente invasiva, como a videolaparoscopia, para tratar a causa da dor.
Conclusão
A sua saúde ginecológica precisa ser levada a sério.
Se você sofre com cólicas menstruais que prejudicam sua rotina, agende uma consulta.
Com diagnóstico e tratamento adequados, é possível viver com mais conforto e qualidade de vida.
Dr. Fernando Faria
Médico Ginecologista
CRM/SP: 119019 | RQE: 89909 | TEGO: 0187/2007